“Máquina e Imaginário”, in Machado, Arlindo (1993).
Máquina e
Imaginário: O desafio das poéticas tecnológicas. São
Paulo, Editora da Universidade de São Paulo.
As estéticas informacionais
Com as novas tecnologias, a arte sofreu grandes mudanças na segunda
metade do século XX, com a mediação tecnológica desenvolvimento dos processos
industriais e a introdução de novos circuitos de disseminação.
Nos anos sessenta, deu-se o
desenvolvimento das estéticas informacionais direcionadas à construção de
modelos com rigor matemático capazes de avaliar/quantificar a informação
estética contida num objeto dotado de qualidades artísticas. As estéticas
informacionais almejavam tornar a
apreciação do objeto artístico, com base na sua carga informativa, quanto à sua
originalidade de forma objetiva e racional (de forma científica).
“As estéticas informacionais visam tornar objetiva e racional, “científica” a
apreciação do objeto artístico a ponto de se poder formar algoritmos capazes de
auxiliar programas de computadores a identificar produtos dotados de alta carga
informativa original. (Apter, 1977:17-21)
Com estéticas informacionais, as produções artísticas, nas artes
plásticas ou artes musicais, deixaram de ser avaliadas de forma subjetivo pelo
avaliador, cujo conceito da “expressão”; “emoção” e “inspiração”, passando a
ser valorizadas as habilidades estéticas no abstrato, dando lugar ao “conceito, a novidade, a configuração, a
estrutura, etc.”.
A arte contemporânea passou também a ser considerada com a incorporação
tecnológica cuja arte se baseia nos princípios formativos do computador e/ou capacidade
de o operar. Esta tendência define a fruição da arte ligada às tecnologias de
ponta, cuja convicção aprimorava a organização sintática abstrata, a economia
expressiva, a optimização informativa e a produtividade, ocupando um espaço
electrónico de memórias artificiais a circular em redes e correntes electrónicas
e ao armazenamento numérico.
O raciocínio de Walter Benjamin sobre a fotografia e o cinema em relação à arte produzida com recursos tecnológicos.
Walter Benjamin coloca em discussão e foca-se nas alterações da técnica no
processo de produção de imagens, refletindo-se na percepção da obra de arte
como obra de arte única. Considera o problema da modernidade, considerando a
percepção, produção e o consumo do objeto ou da expressão artística.
Tal como o autor refere, o sentido das tecnologias utilizadas com recurso
ao computador alteraram a reprodução artística, a fotografia e o cinema,
transformaram a perceção e o entendimento da arte do objeto único, dando valor
artístico à produção, concepção e acolhida na obra de arte, alterando o
conceito de arte e a arte em si.
O capitalismo veio impor novos processos de produção, fazendo parte e
aceitando a própria cultura.
R elação da arte com a
tecnologia
“Podemos considerar a relação da
arte com a tecnologia como um casamento marcado por períodos de harmonia
e de crises conjugais”. P. 24
O autor define a
arte uma concepção romântica em que o artista se expressa pelo sentimento,
manifestando o que lhe vai na alma e a tecnologia deriva da palavra grega
téchne, definindo toda e qualquer prática de produção mecânica e objectiva. A
união das duas, entre o romantismo e a maquina, com conflitos e reconciliações,
permitiu um aumento de potencial e capacidade de produção, acessível a mais
espectadores, por um lado, e, por outro, o surgimento de uma nova classe de artistas
e uma nova dinâmica da criação artística.
“Toda arte produzida
no coração da tecnologia vive, portanto, um paradoxo e deve não
propriamente resolver essa contradição, mas pô-la a trabalhar como um elemento
formativo.” p. 28
A produção artística,
no novo conceito da utilização das tecnologias, deixando as contrariedades de
lado, deve aproveitar o que cada uma, a arte e as tecnologias, tem de melhor e delas
tirar partido, o melhor que lhe for permitido, enriquecendo os saberes pela sua
diferenças e diversidades.
O pensamento de
Villém Flusser sobre o papel do artista na era das máquinas.
O
pensamento de Villém Flusser sobre o papel do artista na era das máquinas manifestava-se
contra, pois criticava o desenvolvimento cultural apoiado nas maquinas, como se
o artista se resumisse “à função estática
e burocrática do apertador de botões.”
Demonstrou-o, criando o seu trabalho artístico,
contrariando a máquina na criação de conflitos resultantes dos dados inseridos,
a qual, por não estar programada para isso e não reconhecendo esses dados, entrava
em conflito. O artista tirou partido disso, retirando resultados interessantes
e inovadores.
“Sem a intervenção desse imaginário radical, as máquinas
sucumbem nas mãos dos funcionários da produção, que não fazem senão
preenchê-las com “conteúdos” de mídias anteriores, repetindo em linguagens
novas soluções já cristalizadas em linguagens mais antigas.” (p. 28)
O papel do artista
O autor menciona
que o crescimento do universo dos aparelhos hardware aumenta numa velocidade
muito maior relativamente às inovações no plano estético, sem tempo de permitir
explorar todos os seus potenciais. Os equipamentos vão sendo ultrapassados por
outros mais potentes com o objetivo de aumentar a produção e não o potencial da
utilização e criatividade de quem os opera.
A
arte como concepção romântica não consegue o seu lugar como única, tem de
conviver com as duas formas para alcançar o progresso artístico. A fotografia e
o cinema foram um bom exemplo de sucesso cultural implantado na vida social na
altura.
M áquinas semióticas
As
máquinas semióticas defendidas pelo autor seriam aparelhos produtores de
imagens, com a capacidade de produção em série, alcançando as necessidades da
sociedade de massas como as máquinas fotográficas, as máquinas de vídeo, os computadores,
com a capacidade de produzir imagens ligadas aos meios de comunicação.
L imitações que comprometem a
argumentação dos críticos da fusão arte/tecnologia. (p. 36)
O autor comenta que o software acabava por ser limitador pelo
facto das ferramentas apresentarem um mecanismo rígido e estereotipado, com o
perigo de conduzir à incapacidade de renovação se utilizado por si só, por
outro lado, tirando partido dessa estereotipagem, lançando o fenómeno da
visualização das patas dos cavalos a andar, como a sensação temporal, entre
outros, e serem utilizadas sem limites pelos comerciantes, pelos seus lucros.
As mudanças ocorridas com a
arte tecnológica no que diz respeito ao papel desempenhado pelo autor na
criação artística (p. 33-44).
Para o autor, a
arte e o artista eram considerados uma temática indefinida e era questionável a
seguinte afirmação: “artista enquanto
modalidade singular do humano, não seria um espécime em extinção”. Para ele, seria necessário
questionar a quem conceder o elogio da criatividade quando se produz com
recurso à máquina. A quem pertence a “imagem fotográfica, ao fotografo ou à
máquina?”. O maior obstáculo estaria na decisão e compreensão do estatuto da
máquina e na conceção de produtos culturais.
“Inventar uma maquina, para Simondon, dar
forma material a um processo do pensamento”. O autor defende que as máquinas
semióticas representam um desempenho muito importante na atividade da imagem
que representa o homem contemporâneo, tendo potenciais variados determinantes
de quem as utiliza.
A s mudanças no estatuto do
recetor com o surgimento da arte tecnológica
O estatuto do
receptor, com o surgimento da arte tecnológica, passa pela aliança do artista,
da tecnologia e da técnica numa variedade de trabalhos contemporâneos que
já são criados com a possibilidade de abertura estética, permitindo ao
utilizador de usufruir de um menu de dados com variadas opções num ecrã táctil
ou de outra particularidade de acesso de interação. A recepção é inserida no
circuito de produção numa engrenagem de comunicação, assumindo a solidez do
produto final em cada uma das utilizações/demonstrações, originando a mensagem.
A conjugação de
todos os saberes e sentimentos afluem o contributo, dando forma à experiencia
estética contemporânea, só sendo possível, na abertura de mudança dos valores
tradicionais do conceito da “obra” como até aí tinha sido do conhecimento como
resultado do ato de exclusividade da criatividade de um “génio” e aplicado a
uma elevada acomodação hierárquica da criação artística.
“Máquina e Imaginário”, in Machado, Arlindo (1993).
Máquina e
Imaginário: O desafio das poéticas tecnológicas. São
Paulo, Editora da Universidade de São Paulo.
As estéticas informacionais
Com as novas tecnologias, a arte sofreu grandes mudanças na segunda
metade do século XX, com a mediação tecnológica desenvolvimento dos processos
industriais e a introdução de novos circuitos de disseminação.
Nos anos sessenta, deu-se o
desenvolvimento das estéticas informacionais direcionadas à construção de
modelos com rigor matemático capazes de avaliar/quantificar a informação
estética contida num objeto dotado de qualidades artísticas. As estéticas
informacionais almejavam tornar a
apreciação do objeto artístico, com base na sua carga informativa, quanto à sua
originalidade de forma objetiva e racional (de forma científica).
“As estéticas informacionais visam tornar objetiva e racional, “científica” a
apreciação do objeto artístico a ponto de se poder formar algoritmos capazes de
auxiliar programas de computadores a identificar produtos dotados de alta carga
informativa original. (Apter, 1977:17-21)
Com estéticas informacionais, as produções artísticas, nas artes
plásticas ou artes musicais, deixaram de ser avaliadas de forma subjetivo pelo
avaliador, cujo conceito da “expressão”; “emoção” e “inspiração”, passando a
ser valorizadas as habilidades estéticas no abstrato, dando lugar ao “conceito, a novidade, a configuração, a
estrutura, etc.”.
A arte contemporânea passou também a ser considerada com a incorporação
tecnológica cuja arte se baseia nos princípios formativos do computador e/ou capacidade
de o operar. Esta tendência define a fruição da arte ligada às tecnologias de
ponta, cuja convicção aprimorava a organização sintática abstrata, a economia
expressiva, a optimização informativa e a produtividade, ocupando um espaço
electrónico de memórias artificiais a circular em redes e correntes electrónicas
e ao armazenamento numérico.
O raciocínio de Walter Benjamin sobre a fotografia e o cinema em relação à arte produzida com recursos tecnológicos.
Walter Benjamin coloca em discussão e foca-se nas alterações da técnica no
processo de produção de imagens, refletindo-se na percepção da obra de arte
como obra de arte única. Considera o problema da modernidade, considerando a
percepção, produção e o consumo do objeto ou da expressão artística.
Tal como o autor refere, o sentido das tecnologias utilizadas com recurso
ao computador alteraram a reprodução artística, a fotografia e o cinema,
transformaram a perceção e o entendimento da arte do objeto único, dando valor
artístico à produção, concepção e acolhida na obra de arte, alterando o
conceito de arte e a arte em si.
O capitalismo veio impor novos processos de produção, fazendo parte e
aceitando a própria cultura.
“Podemos considerar a relação da
arte com a tecnologia como um casamento marcado por períodos de harmonia
e de crises conjugais”. P. 24
O autor define a
arte uma concepção romântica em que o artista se expressa pelo sentimento,
manifestando o que lhe vai na alma e a tecnologia deriva da palavra grega
téchne, definindo toda e qualquer prática de produção mecânica e objectiva. A
união das duas, entre o romantismo e a maquina, com conflitos e reconciliações,
permitiu um aumento de potencial e capacidade de produção, acessível a mais
espectadores, por um lado, e, por outro, o surgimento de uma nova classe de artistas
e uma nova dinâmica da criação artística.
“Toda arte produzida
no coração da tecnologia vive, portanto, um paradoxo e deve não
propriamente resolver essa contradição, mas pô-la a trabalhar como um elemento
formativo.” p. 28
A produção artística,
no novo conceito da utilização das tecnologias, deixando as contrariedades de
lado, deve aproveitar o que cada uma, a arte e as tecnologias, tem de melhor e delas
tirar partido, o melhor que lhe for permitido, enriquecendo os saberes pela sua
diferenças e diversidades.
O pensamento de
Villém Flusser sobre o papel do artista na era das máquinas.
O
pensamento de Villém Flusser sobre o papel do artista na era das máquinas manifestava-se
contra, pois criticava o desenvolvimento cultural apoiado nas maquinas, como se
o artista se resumisse “à função estática
e burocrática do apertador de botões.”
Demonstrou-o, criando o seu trabalho artístico,
contrariando a máquina na criação de conflitos resultantes dos dados inseridos,
a qual, por não estar programada para isso e não reconhecendo esses dados, entrava
em conflito. O artista tirou partido disso, retirando resultados interessantes
e inovadores.
“Sem a intervenção desse imaginário radical, as máquinas
sucumbem nas mãos dos funcionários da produção, que não fazem senão
preenchê-las com “conteúdos” de mídias anteriores, repetindo em linguagens
novas soluções já cristalizadas em linguagens mais antigas.” (p. 28)
O papel do artista
O autor menciona
que o crescimento do universo dos aparelhos hardware aumenta numa velocidade
muito maior relativamente às inovações no plano estético, sem tempo de permitir
explorar todos os seus potenciais. Os equipamentos vão sendo ultrapassados por
outros mais potentes com o objetivo de aumentar a produção e não o potencial da
utilização e criatividade de quem os opera.
A
arte como concepção romântica não consegue o seu lugar como única, tem de
conviver com as duas formas para alcançar o progresso artístico. A fotografia e
o cinema foram um bom exemplo de sucesso cultural implantado na vida social na
altura.
As
máquinas semióticas defendidas pelo autor seriam aparelhos produtores de
imagens, com a capacidade de produção em série, alcançando as necessidades da
sociedade de massas como as máquinas fotográficas, as máquinas de vídeo, os computadores,
com a capacidade de produzir imagens ligadas aos meios de comunicação.
O autor comenta que o software acabava por ser limitador pelo
facto das ferramentas apresentarem um mecanismo rígido e estereotipado, com o
perigo de conduzir à incapacidade de renovação se utilizado por si só, por
outro lado, tirando partido dessa estereotipagem, lançando o fenómeno da
visualização das patas dos cavalos a andar, como a sensação temporal, entre
outros, e serem utilizadas sem limites pelos comerciantes, pelos seus lucros.
As mudanças ocorridas com a
arte tecnológica no que diz respeito ao papel desempenhado pelo autor na
criação artística (p. 33-44).
Para o autor, a
arte e o artista eram considerados uma temática indefinida e era questionável a
seguinte afirmação: “artista enquanto
modalidade singular do humano, não seria um espécime em extinção”. Para ele, seria necessário
questionar a quem conceder o elogio da criatividade quando se produz com
recurso à máquina. A quem pertence a “imagem fotográfica, ao fotografo ou à
máquina?”. O maior obstáculo estaria na decisão e compreensão do estatuto da
máquina e na conceção de produtos culturais.
“Inventar uma maquina, para Simondon, dar
forma material a um processo do pensamento”. O autor defende que as máquinas
semióticas representam um desempenho muito importante na atividade da imagem
que representa o homem contemporâneo, tendo potenciais variados determinantes
de quem as utiliza.
O estatuto do
receptor, com o surgimento da arte tecnológica, passa pela aliança do artista,
da tecnologia e da técnica numa variedade de trabalhos contemporâneos que
já são criados com a possibilidade de abertura estética, permitindo ao
utilizador de usufruir de um menu de dados com variadas opções num ecrã táctil
ou de outra particularidade de acesso de interação. A recepção é inserida no
circuito de produção numa engrenagem de comunicação, assumindo a solidez do
produto final em cada uma das utilizações/demonstrações, originando a mensagem.
A conjugação de
todos os saberes e sentimentos afluem o contributo, dando forma à experiencia
estética contemporânea, só sendo possível, na abertura de mudança dos valores
tradicionais do conceito da “obra” como até aí tinha sido do conhecimento como
resultado do ato de exclusividade da criatividade de um “génio” e aplicado a
uma elevada acomodação hierárquica da criação artística.
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